Baterias de lítio, como se desfazer do modo certo

Descarte

As baterias de lítio hoje estão em toda a parte. Celulares, tablets, equipamentos portáteis. O mundo abraçou as tecnologias móveis e, com elas, criou uma indústria de baterias de um poderio jamais visto.

Contudo, se a inovação traz respostas para antigos problemas, é também capaz de criar novos dilemas que necessitam de uma solução. A logística reversa das baterias de lítio, uma vez esgotada a sua vida útil, é algo que exige atenção especial.

As baterias de “li-ion”, ou lítio-íon, vêm hoje identificadas com ícones e símbolos que permitem o seu reconhecimento. Os regulamentos de alguns mercados em relação ao descarte das baterias de lítio podem ser diferentes, porém há práticas que se aplicam globalmente a qualquer fabricante de equipamentos não-reutilizáveis e a respectiva cadeia de distribuição. Essas baterias deverão, nos próximos anos, fazer parte de ainda mais equipamentos e máquinas presentes no nosso cotidiano. Hoje em dia, essas baterias encontram-se numa infinidade de aparelhos e equipamentos:

  • Telefones celulares
  • Outros dispositivos sem fio portáteis
  • Ferramentas elétricas
  • Automóveis híbridos
  • Pequenos veículos totalmente elétricos

Recomendações gerais para lidar com baterias de lítio

Toda empresa que lida com a produção, distribuição ou comércio de equipamentos que usem baterias dessa natureza precisam garantir o descarte acertado dessas peças. As boas práticas são, em geral, recomendadas nos próprios manuais dos fabricantes, mas muitos não seguem essas recomendações. Porém, é sempre bom saber, quais são as medidas aplicáveis em qualquer circunstância?

  • Assegurar sempre que as baterias sejam removidas dos aparelhos antes de qualquer outro tipo de processamento das máquinas em si, seja no descarte ou na reciclagem.
  • Isolar de algum modo eficaz os terminais das baterias, para evitar que ocorram curto-circuitos.
  • No caso de equipamentos cuja remoção das baterias de lítio não seja simples, técnicos deverão ser procurados para realizar a correta remoção das peças.
  • Em geral a recomendação internacional é que as baterias li-ion sejam isoladas, após o descarte, em barris ou contêineres contendo camadas de areia seca. Outras baterias geralmente são isoladas com um material chamado vermiculita, que impede a proliferação da corrosão e é um bom isolante térmico.

Alguns fabricantes e especialistas do setor possuem normas próprias para o descarte e manuseio dessas baterias. Elas são, em geral, separadas conforme potência e tamanho e, a depender da sua apresentação, podem ser isoladas com areia ou simplesmente em suas embalagens originais.

Mas também há indicações daquilo que NUNCA deve ser feito durante o descarte das baterias de lítio. Esse tipo de componente jamais deve ser descartado junto ao lixo comum, a exemplo do que já ocorre com as pilhas alcalinas.

Baterias de lítio não apenas devem ser descartadas sempre em separado, mas também não podem ser danificadas durante o descarte. Rachaduras, quebras, danos em geral podem sempre deixar expostas partes que, em contato com outras pessoas podem gerar curto-circuitos.

Por que as baterias não podem estar junto com o lixo comum?

Essa é uma pergunta importante. Muitas pessoas ainda acreditam que as recomendações para a separação de baterias são apenas algo que beneficia a indústria que as produz.

As baterias “de lítio” possuem, obviamente, um alto teor de lítio – um elemento extremamente reativo e perigoso sob diversos aspectos. Mas não é só isso: há muitos outros elementos e substâncias que podem gerar efluentes perigosos nessas bateriais.

Pela própria natureza da bateria, esses componentes são instáveis, mesmo quando fora da vida útil, e particularmente sensíveis à temperatura, diferenças de potencial elétrico e curto-circuitos. Uma série de fatores pode levar a reações exotérmicas e, em conjunção com materiais potencialmente combustíveis no lixo, levar à combustão.

A peça da bateria geralmente possui uma camada de resina termoplástica, em geral polipropileno, que isola a bateria de agentes externos. Contudo, arranhões, fissuras e rachaduras podem expor a parte reativa da bateria e, no lixo, esse risco é altíssimo.

Por que a logística de descarte é tão desafiadora para baterias?

Em tese, parece pelo senso comum que para descartar baterias basta isolá-las do lixo comum, como ocorre com o vidro ou o alumínio. Isso tudo, no entanto, precisa ir parar em algum lugar. E, ao contrário dos materiais de fácil reciclabilidade, não é simples processar baterias utilizadas. Uma série de medidas pode ser necessária para que essas baterias finalmente sejam inutilizadas:

  • Principalmente para as baterias de maior capacidade, geralmente é necessário realizar uma descarga antes de qualquer outro processamento, evitando a combustão e a precipitação de gases com o aquecimento.
  • Regulamentos são diferentes em cada mercado, de modo que algumas práticas aceitáveis em certos mercados estão longe do recomendável em outros.
  • As baterias são pesadas e de difícil transporte e movimentação.
  • Mesmo depois de descartadas, seu manuseio precisa de delicadeza e cuidado, para evitar danos.

As baterias de lítio podem ser recicladas?

Sim, elas possuem um processo de reciclagem tecnicamente viável. Porém, sua complexidade faz com que apenas alguns poucos centros e instalações estejam preparados para tal. O consumidor hoje, em muitos casos, tem como se desfazer dessas baterias de forma segura, entregando-as em alguns pontos de coleta geralmente concentrados nos grandes varejistas.

No entanto, mesmo antes de entregá-las, é preciso “contar” com o consumidor para cumprir certos cuidados. As baterias devem ser mantidas longe de qualquer tipo de líquido ou umidade. O mesmo ocorre em relação ao calor.

A sensibilidade das camadas de isolamento exige que o consumidor transporte as peças com cuidado, evitando danos à integridade da bateria.

A bateria em si não é necessariamente reciclável para o mesmo fim, mas muitos dos materiais nela utilizados, em especial metais como o cobre, o alumínio e ligas ferrosas, além do grafite e polipropileno, podem ser reaproveitados.

Os principais centros de reciclagem, nesse caso, categorizam baterias em geral separando-as entre aquelas que possuem invólucros protetores e as demais, que estão expostas.

No Brasil e em outros países há uma série de empresas que inclusive dispõe serviços de coleta e recepção de baterias de íon-lítio usadas. Isso garante que as baterias sejam, de fato, encaminhadas para empresas capazes de realizar o seu processamento, e não descartadas em aterros comuns, expostos a todo o tipo de risco.

Regras e recomendações de descarte no Brasil

O Brasil, como ocorre com a maioria dos outros países do mundo, possui uma série de normas e recomendações ligadas ao descarte das baterias de íon-lítio e outros tipos de bateria. Atualmente, essas recomendações estão presentes em uma resolução do Conselho Nacional do Meio-ambiente (Conama).

A Resolução nº 257/99 do Conama regula o descarte de pilhas e baterias de diversas espécies, e deve ser usada como referência para qualquer tipo de logística reversa com as baterias de lítio. Dentro das determinações de responsabilidade em relação à logística reversa, a resolução do Conama já estabelece, de início:

“As pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, necessárias ao funcionamento de quaisquer tipos de aparelhos, veículos ou sistemas, móveis ou fixos, bem como os produtos eletroeletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de forma não substituível, após seu esgotamento energético, serão entregues pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.”

Conforme as recomendações internacionais, a norma brasileira oferece uma série de apontamentos e proibições claras em relação ao descarte das baterias:

  • É proibido qualquer lançamento “in natura” desses componentes.
  • A queima ou incineração a céu aberto é igualmente proibida, mesmo que ocorra em recipientes que “não sejam adequados”.
  • O descarte em qualquer tipo de corpo d’água ou área que ofereça contato com lençóis freáticos, mesmo que em terrenos baldios secos, é proibido.

Finalmente, a resolução ordena processo específico quando as baterias não possam ser recicladas ou reprocessadas por qualquer tipo de razão. “Na impossibilidade de reutilização ou reciclagem das pilhas e baterias descritas no art. 1º , a destinação final por destruição térmica deverá obedecer as condições técnicas previstas na NBR-11175 – Incineração de Resíduos Sólidos Perigoso – e os padrões de qualidade do ar estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 3, de 28 de junho de 1990.

Por que a reciclagem das baterias é primordial?

Reciclar baterias é um processo, além de possível, necessário e vital. O lítio, assim como outros metais presentes em diversas baterias, como o cádmio, são recursos complexos. A mineração e processamento desses elementos e materiais envolve investimentos pesados e, sobretudo, traz em muitas circunstâncias riscos ambientais gravíssimos.

A reciclagem das baterias de lítio e outros tipos de pilhas e baterias é uma prática que precisa tornar-se universal – como tornou-se o uso dos aparelhos e equipamentos que dependem dessas baterias.

À medida que a tecnologia avança, como no caso da bateria de lítio, outros processos análogos precisam avançar paralelamente, como o descarte desses ativos. Compartilhe e busque mais informações, não apenas sobre o processo e o descarte de baterias, mas também sobre fornecedores e empresas que os realizam de forma competente e legal.

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